General Heleno nega tentativa de golpe de Estado
O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, prestou depoimento hoje (26/09), em Brasília (DF), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro e negou tenham sido uma tentativa de “golpe de Estado” contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Heleno também negou ter participado de qualquer articulação contra o resultado das eleições e respondeu aos questionamentos da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
“Não houve golpe. Para caracterizar uma tentativa de golpe num país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados com mais de 200 milhões de habitantes, é preciso uma estrutura muito bem montada. É preciso haver uma direção, uma cabeça muito preparada para conseguir fazer um golpe que dê certo com meia dúzia de curiosos que fazem umas besteiras. Não tem nada a ver com golpe — disse Augusto Heleno, negando que tenha atuado de forma político-partidária no cargo exercido durante o governo Bolsonaro.” – Afirmou
Eliziane rebateu as declarações do general, segundo ela, a Comissão reuniu informações e depoimentos que comprovam a ação de “militares, civis e autoridades” na preparação de um “golpe de Estado” em 8 de janeiro.
“Houve planejamento sim, houve uma ação orquestrada feita a médio e longo prazo. Houve arrecadação de dinheiro. Nos 69 dias de acampamento, tinha gerador de energia elétrica. Tinha atividades de lazer. Houve financiamento de transporte dos manifestantes. Quando a gente fala de planejamento e liderança, houve incitação explícita por militares, civis e autoridades em grupos de WhatsApp” – disse.
Durante a oitiva, Heleno negou ter visitado o acampamento em frente ao Quartel General do Exército e disse ainda que o GSI não identificou razões para sugerir a retirada dos manifestantes.
“Jamais estive no acampamento realizado em frente ao que a gente chama de Forte Apache. Nunca fui ao acampamento. Não por falta de tempo, mas por falta de condições de participar do que realizavam no acampamento. Pelo que se sabia, eram atividades extremamente pacíficas, ordeiras. Nunca considerei o acampamento algo que interessasse à segurança institucional. Sempre achei que era uma manifestação política pacífica.” – Afirmou.
A senadora voltou a contestar as declarações do general e destacou que o planejamento de crimes — como a instalação de uma bomba perto do aeroporto de Brasília e a invasão do prédio da Polícia Federal — ocorreu no acampamento no Setor Militar Urbano, em Brasília.
“Foi de lá que vieram todos os manifestantes para quebrar a Praça dos Três Poderes. Não dá para se dizer que o acampamento era um lugar ordeiro com manifestação pacífica. Dizer isso lá atrás, até se compreende. Mas hoje, no mínimo, é preciso dizer que era um cenário que não tinha nada de pacífico. Não tinha nada de ordeiro.” – contestou.
Informações: Agência Senado